terça-feira, 21 de junho de 2011

Grafite fica cada vez mais paulistano

Com uso de técnicas variadas, arte das ruas de São Paulo ganha visibilidade em galerias e se torna item de exportação

PAULA BOSI
DO "AGORA"


A mistura de desenhos feitos com spray e figuras impressas com outras técnicas - pintura a mão livre, com rolinho e tinta látex- fez do colorido grafite paulistano uma arte única, que ganhou fama mundo afora.
Nomes antes só conhecidos nos becos da cidade - Eduardo Kobra, Nunca, Calma, Speto, Vitché, Titi Freak, Zezão- tornaram-se referência internacional.
Em 2008, por exemplo, a dupla Os Gêmeos estrelou a mostra "Street Art" na galeria Tate Modern, em Londres.
Segundo Baixo
Ribeiro, 47, fundador da Galeria Choque Cultural, uma das principais características do grafite de São Paulo é sua ligação com o muralismo -técnica de pintura em grandes painéis, que foi popularizada no século 20 por um movimento artístico mexicano.
"É um tipo de pintura feito com diferentes técnicas e materiais", explica. Em Nova York, outro polo da arte de rua, a tendência já é outra. Predominam os grafites de "tags", letras típicas do movimento hip hop, impressos com tinta spray.
Aqui, o local mais emblemático do muralismo é o túnel da Paulista, que exibe, há 20 anos, um painel de Rui Amaral, diretor da Artbr e idealizador da 1ª Bienal Internacional de Arte de Rua de São Paulo.
"Grafite é o jeito mais simples para ocupar o espaço público", diz Amaral.
Pioneiro do movimento que ganhou força na cidade na década de 1980, ele garante que a coisa mudou nos últimos anos. "A sociedade aceita melhor o grafite, mas o espírito da intervenção é o mesmo", afirma.

TINTA FRESCA
"Sempre olhava o grafite na rua, achava lindo, mas não tinha coragem de tentar", conta a designer e atriz Grazie a Dio, 28, que mora em Pirituba. Em 2009, ela superou o receio, fez sua primeira obra e não parou mais.
A empreitada começou com o curso "Grafite, Intervenções Urbanas", oferecido pelo Senac. As aulas a ajudaram a conhecer as técnicas e deram confiança a Grazie, que imprimiu nas ruas seus personagens com traços delicados e referência à moda.
O primeiro mural coletivo foi pintado no chamado beco da Lapa, com outros alunos.
Hoje, ela tem mais de 50 muros grafitados no currículo. Nem a insegurança característica de São Paulo afasta a artista das ruas. "Pode até ser um ambiente perigoso, pois você fica exposta, mas é sensacional; é um lugar democrático, o que você faz está lá para todo mundo ver."

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